Um
outro aspecto do sofrimento emocional é uma profunda sensação de
falta, de incompletude, de não se sentir inteiro. Em algumas pessoas
isso é consciente, em outras, não. Quando está consciente, a
pessoa tem uma sensação inquietante de que não é respeitada ou
boa o bastante. Na forma inconsciente, essa sensação se manifesta
indiretamente como um anseio, uma necessidade ou uma carência
intensa. Em ambos os casos, as pessoas podem acabar buscando
compulsivamente uma forma de gratificar o ego e preencher o buraco
que sentem por dentro. Assim, empenham-se em possuir propriedades,
dinheiro, sucesso, poder, reconhecimento ou um relacionamento
especial, para se sentirem melhor e mais completas. Porém, mesmo
quando conseguem todas essas coisas, percebem que o buraco ainda está
ali e não tem fundo. As pessoas vêem, então, que estão realmente
em apuros, porque não podem mais se enganar. Na verdade, elas
continuam tentando agir como antes, mas isso se torna cada vez mais
difícil.
Enquanto
o ego dirige a nossa vida, não conseguimos nos sentir à vontade, em
paz ou completos, exceto por breves períodos, quando acabamos de ter
um desejo satisfeito. O ego precisa de alimento e proteção o tempo
todo. Tem necessidade de se identificar com coisas externas, como
propriedades, status social, trabalho, educação, aparência física,
habilidades especiais, relacionamentos, história pessoal e familiar,
ideais políticos e crenças religiosas. Só que nada disso é você.
Levou
um susto? Ou sentiu um enorme alívio? Mais cedo ou mais tarde, você
vai ter que abrir mão de todas essas coisas. Pode ser difícil de
acreditar, e eu não estou aqui pedindo a você que acredite que a
sua identidade não está em nenhuma dessas coisas. Você vai
conhecer por si mesmo a verdade, lá no fim, quando sentir a morte se
aproximar. Morte significa um despojar-se de tudo o que não é você.
O segredo da vida é “morrer antes que você morra” – e
descobrir que não existe morte.
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