09 março 2017

Ser Melhor - Ermance Dufaux


“Para  nos  melhorarmos,  outorgou­-nos  Deus, precisamente,  o  de  que  necessitamos  e  nos  basta  a  voz  da consciência e as tendências instintivas. Priva­-nos do que nos seria prejudicial”.  
 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Cap. V, Item 11

Será muito útil à comunidade espírita um maior empenho em seus grupamentos no entendimento do tema reforma íntima. Apesar dos debates assíduos, observa­se ainda uma lacuna no apontamento de caminhos pelos quais se possa encetar um programa de melhoria pessoal. Mesmo sensibilizados para sua importância, pergunta­se: como fazer reforma íntima?
O primeiro passo a mais amplos resultados nesse campo será possuir a noção bem clara do que seja essa proposta no terreno individual. Propomos então uma releitura de sua conceituação em favor da oxigenação de nossas ideias.
Associa­lhe, comumente, a ideia de anulação de sentimentos, negação de impulsos ou eliminação de tendências; ideias que, se não forem sensatamente exploradas, poderão tecer uma vinculação mental ao obsoleto bordão do “pecado original”, uma cultura diametralmente incoerente com a lógica espírita. Essa vinculação conduz­nos a priorizar a repressão como sistema de mudança, ou seja, a violentação do mundo íntimo, gerando um estado compulsivo de conflito e pressão psíquica, uma “tortura interior”. Esse sistema de inaceitação é caracterizado, quase sempre, pela ansiedade em aplacar sentimentos de culpa, uma fuga que declara a condição íntima de indignidade pelo fato de sentir, fazer ou pensar em desacordo com o que aprendemos nos lúcidos conteúdos da Doutrina.
A culpa não renova, limita. Não educa, contém.
A culpa nasce no ato de avaliar o direito natural de errar como sendo um Pedro que merece ser castigado, uma estrutura mental condicionada que carece de reeducação a fim de atingir o patamar de uma relação pacífica conosco mesmo.
Reforma íntima não é ser contra nós. Não é reprimir e sim educar. Não é exterminar o mal em nós, e sim fortalecer o bem que está adormecido na consciência.
A palavra educação, que vem do latim educere , significa tirar de dentro para fora, renovar é extrair da alma os valores divinos que recebemos quando formos criados.
Educação é disciplina com consentimento íntimo, fruto de um acordo conosco celebrado em harmonia, bem distante dos quadros torturantes de neurose e severidade consigo.
Claro que, para se educar é preciso controle, tendo em vista os hábitos que arregimentamos nas vidas sucessivas. Entretanto, muitos discípulos permanecem apenas nesse estágio, definindo seu crescimento espiritual pela quantidade de realizações a que se devota por fora, quando o crescimento pessoal só encontra medidas reais nos recessos do sentimento. Menos contenção e mais conscientização, eis a linha natural de aprender a “dar ouvido” aos alvitres do bem divino que retumbam qual eco de Deus na nossa intimidade.
O conjunto dos ensinos espíritas é um roteiro completo para todos os perfis de necessidades no aperfeiçoamento da humanidade. Tomar todo esse conjunto como regras para absorção instantânea é demonstrar uma visão dogmática de crescimento, gerando aflições e temores, perfeccionismo e ansiedade, que são desnecessários no aproveitamento das oportunidades.
Reforma íntima é ser melhor hoje em relação ao ontem, e jamais deixar arrefecer o desejo de ser um tanto melhor amanhã em relação ao hoje. Basta­nos aprender a ouvir a consciência e a estudar nossos instintos. Refor ma é um tr abalho pr ocessual. A esse respeito, assim se pronuncia a Equipe Verdade:
Conhece bem pouco os homens quem imagine que uma causa qualquer os possa transformar como que por encanto. As ideias só pouco a pouco se modificam, conforme os indivíduos, e preciso é que algumas gerações passem, para que se apaguem totalmente os vestígios dos velhos hábitos. A transformação, pois, somente com o tempo, gradual e progressivamente, se pode operar”.
Se conseguirmos assimilar essa definição na rotina dos dias, certamente estaremos nos beneficiando amplamente por entendermos que ninguém pode fazer mais que o suportável, sendo inútil acumular sofrimentos para manter metas não alcançáveis por agora. Exigir de si mais que o possível é dar espaço para tornarmo­ nos ansiosos ou desanimados. Valorizemos com otimismo e aceitação o que temos condição de fazer para ser melhor, mas jamais deixemos de aferir sinceramente, em nosso próprio favor, se não estamos sob o fascínio do desculpismo e da fuga, e procuremos a cada dia fazer algo mais pelo bem de nós próprios e do próximo.

08 fevereiro 2017

NO CAMPO DA MEDIUNIDADE - André Luiz

O cérebro físico é aparelho de complicada estrutura. Constitui-se de células emissoras e receptoras, que servem nos mais diversos centros mentais, reguladores da vida orgânica. Imantam-se, dentro dele, poderosas correntes magnéticas, a flutuarem sobre o líquido cérebro-espinhal, como a engrenagem de um motor em óleo adequado, produzindo vibrações elétricas com a freqüência de dez a vinte por segundo. Daí parte infinidade de ordens, endereçadas ao sistema nervoso, ao aparelhamento endocrínico e aos órgãos diversos.

O cérebro, porém, tal qual é conhecido na Terra, representa a parte visível do centro perispiritual da mente, ainda imponderável à ciência comum, no qual se processa a elaboração do pensamento, que escapa à conceituação humana.

Referimo-nos a semelhante quadro para comentar a necessidade da cooperação do servidor mediúnico, ao intercâmbio entre os dois planos, visível e invisível. A tese do animismo, não obstante respeitável, pelas excelentes intenções que a inspiraram, muita vez desencoraja os companheiros, chamados a testemunhos de serviço, no ministério da verdade e do bem. Os investigadores rigoristas não favorecem o esforço dos médiuns bem intencionados; na maioria das ocasiões destroem-lhes os germes de boa vontade e realização, com as suas exigências particularistas, no capítulo da minudência, da gramática, da adivinhação.

A organização mediúnica, entretanto, como as demais edificações elevadas, não se improvisa no caminho da vida. E o médium não é uma inteligência ou uma consciência anulada nas exteriorizações fenomênicas da comunicação entre as duas esferas. Ainda no chamado sonambulismo puro, no transe completo e nas hipnoses mais profundas, a colaboração dele será manifesta e indispensável. A energia da usina longínqua precisa do filamento da lâmpada, em que se manifesta, produzindo luz e calor. O artista, para arrancar a melodia perfeita, necessita de cordas afinadas firmes no violino que lhe empresta o concurso na demonstração musical. A mensagem do cantor ou do político requer o aparelho de recepção para ser ouvida à distância. Exige a lâmpada características especializadas na fabricação, o violino requisita grande experiência e cuidado de manufatura e o receptor radiofônico pede extensa cópia de material elétrico para atender à finalidade que lhe é própria.

Se em semelhantes serviços de transmissão, à base de matéria comum, há imperativos de técnicos e organização, como improvisar um mecanismo mediúnico, no qual a base de matéria viva associada a elementos espirituais, ainda imponderáveis à ciência humana, exige a construção da vontade com os valores da cooperação?

Edificar a mediunidade constitui uma obra digna do esforço aliado à perseverança no espaço e no tempo.

Um habitante de esfera diferente necessita valer-se dos recursos que lhe oferece o cooperados identificado com o círculo, onde pretende fazer-se sentir. Trata-se de imposição vulgar nas próprias relações entre países terrestres, de cultura diversa. O brasileiro que precise conduzir certa mensagem à Inglaterra, desprovido de contacto anterior com a vida britânica, de modo algum dispensará o intérprete e esse intermediário para cumprir a tarefa deve preparar-se devidamente.

Adaptar-se uma entidade desencarnada ao cérebro, ao sistema nervoso e aos núcleos glandulares do companheiro encarnado, ajustando peças biológicas e eliminando resistências celulares, sem nos referirmos aos processos mentais, inacessíveis à compreensão atual dos fenômenos, não é operação matemática que se efetue através dos cálculos de alguns instantes. É organização paciente, requisitando muito concurso e devotamento por parte dos amigos em serviço na Crosta Planetária.

E, assim afirmando, convidamos os colaboradores sinceros do Espiritismo Evangélico a dedicarem maior atenção à chamada mediunidade consciente, dentro da qual o intermediário é compelido a guardar suas verdadeiras noções de responsabilidade no dever a cumprir. Cultive cada trabalhador o seu campo de meditação, educando a mente indisciplinada e enriquecendo os seus próprios valores, nos domínios do conhecimento, multiplicando as afinidades com a esfera superior e observará a extensão dos tesouros de serviço que poderá movimentar a benefício de seus irmãos e de si mesmo. Sobretudo ninguém se engane relativamente ao mecanismo absoluto em matéria de mediunidade. Todo intérprete da espiritualidade, consciente ou não, no decurso dos processos psíquicos, é obrigado a cooperar, fornecendo alguma coisa de si próprio, segundo as características que lhes são peculiares, porquanto se existem faculdades semelhantes, não encontramos duas mediunidades absolutamente iguais.

Lembremo-nos de que não nos achamos empenhados em edificações exteriores, onde a forma deva sacrificar a essência e onde a letra asfixie o espírito, e sim na construção de um mundo melhor, nos círculos de experiência para a vida eterna. Guarde cada colaborador do Espiritismo Cristão a consciência, a responsabilidade e o espírito de serviço, à maneira de riquezas celestes que é necessário valorizar e multiplicar. Não nos esqueçamos de que, segundo a profecia, através dos canais mediúnicos, o Senhor está derramando a sua luz sobre a carne, mas que é preciso purificar o vaso carnal e enriquecer a mente, a fim de que o homem terrestre seja, de fato, o intérprete fiel da divina luz.

 
Capítulo extraído da obra "Coletânea do Além" , ditada por André Luiz ao médium Francisco Cândido Xavier.


25 janeiro 2017

Tendências perniciosas aos nossos celeiros espíritas - Ermance Dufaux


Tendências são inclinações, pendores que determinam algumas características comportamentais da personalidade. Muitas delas foram adquiridas em várias etapas reencarnatórias e sedimentam o sistema de valores, com o qual a criatura faz suas escolhas na rotina da existência.
Listamos algumas tendências que se apresentam junto aos nossos celeiros espíritas, remanescentes de fortes condicionamentos psíquicos:

  • Atrofiamento do raciocínio
  • Supervalorização dos valores institucionais
  • Engessamento de conceitos
  • Sensação de missionarismo religioso
  • Atitude de supremacia da verdade
  • Idolatria a seres “superiores”
  • Submissão de conveniência a líderes
  • Relação de absolvição ou penitência com práticas espíritas
  • Desvalorização de si mesmo em razão da condição de pecador
  • Condutas puritanas perante a sociedade e seus costumes
  • Cultivo de comportamentos moralistas
  • Confusão entre pureza exterior e renovação íntima

Com todo respeito a fraternidade, necessitamos urgentemente ter a coragem de avaliar com sinceridade as influências “éticas” perniciosas dessas tendências no quadro de nossas vivências espiritistas. São reflexos inevitáveis do crescimento evolutivo que ninguém pode negar, mas daí a aceitá­las sem quaisquer esforços de melhoria, é conivência e pusilanimidade. Torná­las uma referência religiosa pela qual se deva reconhecer o verdadeiro seguidor do Espiritismo é uma atitude recheada de ancestralismo e hipocrisia.

A comunidade espírita, que tantas benfeitorias tem prestado ao mundo, carece de uma reavaliação global em sua estrutura no que tange à noção de comprometimento. Convém que os líderes mais sensibilizados instiguem a formação da cultura da franqueza com fraternidade e clareza, no intuito de estabelecer uma oxigenação na sementeira para obtenção de mais qualidades nos frutos.

Muitos companheiros, os quais merecem nossa compreensão, costumam disseminar a concepção de que tudo deve correr conforme os acontecimentos, e justificam­se com a frase: “se fazendo assim está dando certo, porque mudar?” Em verdade, o que deveríamos pensar é: se fazendo assim estamos colhendo algo, então quanto não colheríamos se fizéssemos melhor, se nos abríssemos às renovações que a hora reclama?!!

Há uma acomodação lamentável que precisa ser aferida. A noção espírita de comprometimento foi acintosamente assaltada pelas velhas tendências de conseguir o máximo fazendo o mínimo. É a devoção exterior, a influência marcante da personalidade impregnada de religiosismo estéril querendo tomar conta da cabeça e do coração daqueles que estão sendo chamados a novos e mais altaneiros compromissos, na espiritualização de si mesmo e da comunidade onde floresceram.

É assim que vamos notando uma supervalorização das coisas, como a não adoção de alimentação carnívora, a impropriedade de não frequentar certos ambientes sociais, a fuga da ação política, a análise da vida dissociada das ciências e conquistas humanas, a interminável procura do passe como instrumento de melhoria espiritual ao longo de anos a fio, não chorar em velórios, distanciamento da riqueza como se fosse um mal em si mesma, cenho carregado como sinônimo de responsabilidade, silêncio tumular nos ambientes espíritas. Se fumar, não é espírita; se separar matrimonialmente, tem a reencarnação fracassada; se ingerir alcoólicos, não pode ser considerado alguém em reforma; se for homossexual, não pode entrar no centro; e assim prosseguem as idiossincrasias que são estipuladas uma aqui, outras acolá.
 
Absolutamente não devemos desprezar o valor de todas essas questões, quando bem orientadas para o bem senso e a lógica. Entretanto, nenhuma dessas posturas é referência segura sobre a qualidade de nossos sentimentos, o que parte do coração. O que sai do coração e passa pela boca é o critério de validação de nossa realidade espiritual. Por ele se conhece a verdadeira pureza, a pureza interior que é determinada pela forma como sentimos a vida que nos rodeia. E sobre esse assunto só temos condições de avaliar o que se passa no nosso íntimo, jamais o que “sai” no coração do outro.

Sem dúvida alguma a pureza exterior pode ser um ensaio, um primeiro passo para o ingresso definitivo da Verdade em nosso coração. Todavia, amigos de ideal, pensemos se não estamos passando tempo demais na confortável zona do desculpismo, desejosos de facilitar para a consciência nossa noção sobre o que é “ser espírita”.

Quem muito recebeu, muito será pedido.

Em conclusão, comentamos que há muitos companheiros queridos do nosso ideário satisfeitos com o fato de apenas evitarem o mal, entretanto, estejamos alerta para a única referência ética que servirá a cada um de nós no reino da alma liberta da vida física: “fazer todo o bem que puder mos no alcance de nossas forças.” Fora isso, somente trabalhando por uma imensa metamorfose nos reinos do coração de onde procedem todos os males. 



 

24 janeiro 2017

Comportamentos efetivos na reforma íntima - Ermance Dufaux


Postura de aprendiz – jamais perder o vistoso interesse em buscar o novo, o desconhecido. Sempre há algo para aprender e conceitos a reciclar. A postura de aprendiz se traduz no ato da curiosidade incessante, que brota da alma como sendo a sede de entender o Universo e nossa parte “dança dos ritmos cósmicos”. Romper os preconceitos e fugir do estado doentio da autossuficiência.

Observação de si mesmo – é o estudo atento de nosso mundo subjetivo, o conhecimento das nossas emoções, o não julgamento e a autoavaliação constante. Tendemos a avaliar o próximo e esquecer o serviço que nos compete, no entanto, relembremos que perante a imortalidade só responderemos por nós, no que tange ao serviço de edificação dos princípios do bem na intimidade.

Renúncia – a mudança íntima exige uma seletividade social dos ambientes e costumes, em razão dos estímulos que produzem reflexos no mundo mental. No entanto, a renúncia deve ampliar­se também ao terreno das opiniões pessoais e valores institucionais para os quais, frequentemente, o orgulho nos ilude.

Aceitação da sombra – sem aceitação da nossa realidade presente, poderemos instaurar um regime de cobranças injustas e intermináveis conosco e posteriormente como os outros. A mudança para a melhor não implica em destruir o que fomos, mas dar nova direção e maior aproveitamento a tudo que conquistamos, inclusive nossos erros.

Autoperdão – a aceitação, para ser plena, precisa do perdão. Recomeço é a palavra de ordem nos serviços de transformação pessoal. Sem ela o sofrimento e a flagelação poderão estipular provas dolorosas para a alma. É uma postura de perdão às faltas que cometemos, mas que gostaríamos de não cometer mais.

Cumplicidade com a decisão de crescer – o objetivo da renovação espiritual é gradativo e exige devoção. Não é serviço para fim de semana durante a nossa presença às tarefas do bem, mas serviço continuado a cada instante da nossa vida, onde estivermos. Somente assumindo com muita seriedade esse desafio o levaremos avante. Imprescindível a atitude de comprometimento com a meta de crescimento que assumimos. Somos egressos de experiências frustradas no desafio do aperfeiçoamento pessoal, portanto, muito facilmente somos atraídos para ilusões variadas. Somente com muita severidade e muita disciplina construiremos o homem novo e almejado.

Vigilância – é a atitude de cuidar da vida mental. Cultivar o hábito de higiene dos pensamentos, da meditação no conhecimento de si, da absorção de nutrição mental digna nas boas leituras, conversas, diversões e ações sociais. Vigilância é a postura da mente alerta, ativa, sempre voltada a ideais enriquecedores.

Oração – é a terapia da mente. Sem oração dificilmente recolheremos os germens divinos do bem que constituem as correntes de energia superior da vida. Através dela, igualmente, despertamos na intimidade forças nobres que se encontram adormecidas ou sufocadas pelos nossos descuidos de cada dia.

Tolerância – toda evolução é concretizada na tolerância. Deus é tolerância. Há tempo para tudo e tudo tem seu momento. Os objetivos da melhoria requerem essa complacência conosco para que haja mais resultados satisfatórios. Complacência não significa conivência ou conformismo, mas caridade com nossos esforços.

Amor incondicional – aprender o autoamor é o maior desafio de quem assume o compromisso da reforma íntima, porque a tendência humana é desgostar de sua história de evolução, quem toma consciência do ponto em que se encontra ante os estatutos universais da lei divina. Sem autoamor a reforma íntima reduz­se a “tortura íntima”. Aprender a gostar de si mesmo, independente do que fizemos no passado e do que queremos ser no futuro, é estima a si próprio, o estado interior de júbilo com nosso retorno lento, porém gradativo, para uma identificação plena com o pai.

Socialização – seu interesse pessoal é o grande adversário de nosso progresso, então a ação em grupos de educação espiritual será excelente meditação contra o personalismo e a vaidade. Destaquemos assim o valor das tarefas doutrinárias regadas de afetividade e siso moral. São treinamentos na aquisição de novos impulsos.

Caridade – se socializar pode imprimir novos impulsos e reflexões no terreno da vida mental, a caridade é o “dínamo de sentimentos nobres” que secundaram o processo socializador, levando­o ao nível de abençoada escola do afeto e revitalização dos ensinamentos espíritas.




23 janeiro 2017

Um espírito angustiado - 19/04/1995


"Senhor, guia-me pois não posso mais! Sinto-me ainda muito fraco devido aos caminhos que escolhi trilhar. Mostra-me a solução derradeira para minhas dúvidas e fraquezas, e eu a seguirei sem pestanejar. Não quero mais duvidar. Não suporto mais esta situação.

É torturante lembrar, que acreditei firmemente que quando meu corpo morresse, minha consciência se extinguiria. Por isso, quase anulei-me após a morte física. Tive pesadelos horrendos por um tempo que não posso e não desejo calcular. Tenciono esquecer tudo o que se passou, mas não consigo.

Hoje, prostro-me perante Ti, Senhor, despojando-me da vaidade louca e do orgulho sem medidas a que me deixei levar. Acreditava que a vida era apenas material. Não pensava que havia um espírito imortal a mover os nossos corpos. Ridicularizei as pessoas que na Terra combatiam-me as ideias materialistas. Ironizei os padres e minha santa mãe. Julgava-me um livre pensador, um douto sábio, um filósofo. Cheguei mesmo a escrever sobre o assunto, dissertando sobre a estupidez da crença religiosa e da vida após a morte. Conheci os espíritas e os julguei vigaristas à cata do dinheiro dos ignorantes. Eu não confiava em ninguém.

Atualmente, percebo com clareza que eu era um ser angustiado, pois nada me consolava acerca das amarguras da vida e da frigidez da morte. Por isso, naquela época resolvera, num certo ponto da minha jornada, a desprezar a questão, até que viesse a morrer e pudesse constatar, por mim mesmo, a realidade.

Como não acreditava verdadeiramente em nada, o meu despertar no plano espiritual foi lento e doloroso. Suportei pesadelos hediondos, onde me via insistentemente sendo levado para o fundo da cova, sob as flores do féretro, inúmeras vezes. Senti, para meu terror supremo, os músculos e demais tecidos corpóreos serem corroídos pelos vermes. E o que dizer dos odores nauseabundos? Tudo isto ocorreu em função de eu considerar firmemente, que o meu ser era constituído somente por matéria densa.

Deus! Hoje, cada vez que digo o Vosso Nome sinto minhas forças aumentarem. Minha recuperação completa está a caminho, embora a fé na minha alma ainda seja algo vacilante. Os reflexos de antigos pensamentos nefastos persistem e teimam em prejudicar-me. Senhor, fortalece a minha fé, pois não quero mais sofrer. Àqueles que porventura leiam esta mensagem, deixo um alerta: não sigam meu exemplo de dúvidas e de dor!"

 


20 janeiro 2017

A morte sempre vem - Guardião (Psic. Pablo Salamanca)

A morte sempre vem
De formas, muitas vezes, inesperadas.
Nas casas, nas vilas, nas estradas,
Entre os fortes ou entre pessoas adoentadas.

A morte sempre vem.
Ela está presente entre velhos e adultos,
Como entre crianças e indigentes.
Chega aos piedosos e também aos inclementes.

A morte sempre vem.
Ceifa campos de arroz e de trigo.
Arrasa glebas de milho e de cevada.
Magoa aos pobres e às pessoas abastadas.

A morte sempre vem.
Derruba penhascos e florestas,
Destruindo largas estradas.
Cala os rios, bloqueando suas águas.

A morte sempre vem,
Sob o céu enegrecido
Ou sob a lua prateada.
Muitas vezes, sob o sol e sua luz dourada.

A morte sempre vem.
Atinge o ínfimo formigueiro.
Abate a grande manada,
Nas montanhas ou na planície esverdeada.

A morte sempre vem.
Maldita para muitos,
Mas não pela Energia Divina,
Que tudo sabe e sempre ensina.

A morte sempre vem.
Para o descanso de alguns.
Para a renovação de outros.
Para o começo de todos.

A morte sempre vem,
Para os inteligentes ou tolos,
Que não fazem boa interpretação.
A morte é, em verdade, transformação!

A morte sempre vem,
Indesejada e até detestada.
Parece o fim, parece o nada.
Na realidade, é início de nova caminhada.

A morte sempre vem,
Resoluta e altaneira,
Realizar a última ceifa,
Para análise da derradeira colheita.

A morte sempre vem,
Causando inúmeras surpresas,
Ao novo, ao velho, ao vagabundo,
Aos poderosos e as suas empresas.

A morte sempre vem,
Com uma mensagem do Infinito,
Que de fato é muito bela:
A vida é eterna!




06 de agosto de 2014.
Guardião

Livro Guardião (psicografado por Pablo Salamanca)