Não
se apegue a uma única palavra. Você pode substituir “Cristo”
por presença, se
achar mais significativo. Cristo é a essência de
Deus dentro de nós ou o nosso Eu interior,
como às vezes é
chamado no Oriente. A única diferença entre Cristo e presença é
que
Cristo remete à nossa existência divina sem se importar se
estamos ou não conscientes dela,
ao passo que a presença significa
a nossa divindade vigilante ou a essência de Deus.
Se
admitirmos que não há passado nem futuro em Cristo, poderemos
esclarecer
muitos mal-entendidos e falsas crenças sobre Ele. Dizer
que Cristo foi ou será é uma
contradição. Jesus foi. Foi um
homem que viveu há dois mil anos e exerceu a sua divina
presença,
a sua verdadeira natureza. Suas palavras foram: “Antes que Abraão
existisse, Eu
sou” (João, 8:58). Ele não disse: “Eu já existia antes de
Abraão ter nascido”. Isso significaria que Ele
ainda estaria
dentro da dimensão do tempo e da identidade da forma. As palavras Eu
sou
utilizadas em uma frase que começa no tempo passado indicam uma
mudança radical, uma
descontinuidade na dimensão temporal. É uma
afirmação, ao estilo zen, de grande
profundidade. Jesus tentou
transmitir diretamente, e não através de divagações, o
significado de presença, de autorealização. Ele foi além da
dimensão da consciência
governada pelo tempo e penetrou no domínio
da eternidade. Foi assim que a dimensão de
eternidade surgiu neste
mundo. A eternidade não significa tempo sem fim, mas sim tempo
nenhum. Assim, o homem Jesus se tornou o Cristo, um veículo de pura
consciência. E qual
é a própria definição de Deus na Bíblia?
Será que Deus disse: “Eu fui e sempre serei?”
Claro que não.
Isso teria conferido realidade ao passado e ao futuro. Deus disse:
“EU SOU
O QUE SOU” . Aqui não existe o tempo, só a presença.
A
“segunda vinda” do Cristo é uma transformação da consciência
humana, uma
mudança do tempo para a presença, do pensamento para a
consciência pura, e não a
chegada de algum homem ou de alguma
mulher. Se “Cristo” estivesse para chegar amanhã,
revestido de
alguma forma externa, o que ele ou ela poderia nos dizer além do
seguinte:
“Eu
sou a Verdade. Eu sou a Divina Presença. Eu sou a Vida Eterna. Estou
dentro de
você. Estou aqui. Eu sou o Agora”.
***
Reflexão ***
Nunca
personalize Cristo. Não dê uma forma de identidade a Cristo.
Avatares, mães
divinas, mestres iluminados, os pouquíssimos que
realmente são, não têm nada de especial
como pessoas. Como não
têm de sustentar o ego, defendê-lo ou alimentá-lo, são mais
simples do que as pessoas comuns. Qualquer pessoa com um ego forte os
olharia como
insignificantes ou, mais provavelmente, nem os veria.
Se
você for atraído para um professor iluminado, é porque já existe
presença bastante
em você para reconhecer a presença no outro.
Houve muitas pessoas que não
reconheceram Jesus ou Buda, assim como
há – e sempre haverá – pessoas que são levadas
a falsos
professores. Egos são atraídos por grandes egos. A escuridão não
consegue
reconhecer a luz. Portanto, não acredite que a luz está
fora de você ou que ela só pode vir
através de uma forma
específica. Se só o seu mestre for a encarnação de Deus, quem é
você
então? Qualquer espécie de exclusividade é uma
identificação com a forma, e a
identificação com a forma
significa o ego, não importa o quanto ele esteja bem disfarçado.
Utilize
a presença do mestre para ver um reflexo da sua própria identidade
por trás do
nome e da forma e para se tornar mais intensamente
presente. Em pouco tempo você verá
que não existe nenhum “meu”
ou “seu” na presença. A presença é única.
O
trabalho em grupo também pode ser de grande utilidade para
intensificar a luz da
nossa presença. Um grupo de pessoas atingindo
juntas um estado de presença gera um
campo de energia de grande
intensidade. Isso não só aumenta o estado de presença de cada
membro do grupo, mas também ajuda a libertar a consciência coletiva
humana do seu
estado normal de dominação da mente. Essa prática
vai tornar o estado de presença cada
vez mais acessível às
pessoas. Entretanto, a menos que um membro do grupo já esteja
firmemente estabelecido na presença e consiga sustentar a freqüência
de energia desse
estado, a mente pode facilmente voltar a dominar e
sabotar os esforços do grupo. Embora
o trabalho em grupo seja
valioso, ele não é o bastante e você não deve depender dele. Nem
de um professor ou de um mestre, exceto durante o período de
transição, quando você está
aprendendo o significado e a prática
da presença.
Extraído do livro O Poder do Agora
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