Um
sentimento de piedade deve sempre animar o coração dos que se
reúnem sob as vistas do Senhor e imploram a assistência dos bons
Espíritos.
Purificai,
pois, os vossos corações; não consintais que neles demore qualquer
pensamento mundano ou fútil. Elevai o vosso espírito àqueles por
quem chamais, a fim de que, encontrando em vós as necessárias
disposições, possam lançar em profusão a semente que é preciso
germine em vossas almas e dê frutos de caridade e justiça.
Não
julgueis, todavia, que, exortando-vos incessantemente à prece e à
evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos
conserve fora das leis da sociedade onde estais condenados a viver.
Não; vivei com os homens da vossa época, como devem viver os
homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia,
mas sacrificai com um sentimento de pureza que as possa santificar.
Sois
chamados a estar em contato com espíritos de naturezas diferentes,
de caracteres opostos: não choqueis a nenhum daqueles com quem
estiverdes. Sede joviais, sede ditosos, mas seja a vossa jovialidade
a que provém de uma consciência limpa, seja a vossa ventura a do
herdeiro do Céu que conta os dias que faltam para entrar na posse da
sua herança.
Não
consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em
repelirdes os prazeres que as vossas condições humanas vos
permitem. Basta reporteis todos os atos da vossa vida ao Criador que
vo-la deu; basta que, quando começardes ou acabardes uma obra,
eleveis o pensamento a esse Criador e lhe peçais, num arroubo de
alma, ou a sua proteção para que obtenhais êxito, ou a sua bênção
para ela, se a concluístes. Em tudo o que fizerdes, remontai à
Fonte de todas as coisas, para que nenhuma de vossas ações deixe de
ser purificada e santificada pela lembrança de Deus.
A
perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática da caridade
absoluta; os deveres da caridade alcançam todas as posições
sociais, desde o menor até o maior. Nenhuma caridade teria a
praticar o homem que vivesse insulado. Unicamente no contato com os
seus semelhantes, nas lutas mais árduas é que ele encontra ensejo
de praticá-la. Aquele, pois, que se isola priva-se voluntariamente
do mais poderoso meio de aperfeiçoar-se; não tendo de pensar senão
em si, sua vida é a de um egoísta.
Não
imagineis, portanto, que, para viverdes em comunicação constante
conosco, para viverdes sob as vistas do Senhor, seja preciso vos
cilicieis e cubrais de cinzas. Não, não, ainda uma vez vos dizemos.
Ditosos sede, segundo as necessidades da Humanidade; mas que jamais
na vossa felicidade entre um pensamento ou um ato que o possa
ofender, ou fazer se vele o semblante dos que vos amam e dirigem.
Deus é amor, e aqueles que amam santamente Ele os abençoa.
Um Espírito protetor. (Bordeaux, 1863)
Evangelho Segundo o Espiritismo, Cáp. 12 - "Sedes Perfeitos"
Nenhum comentário:
Postar um comentário