E saibam,
meus irmãos, o quão difícil isso foi, para mim. Pois, no lugar das aparentes
personalidades, que transitavam em minha
vida, eu via as suas essências obscurecidas... as suas dores, os seus
conflitos, as suas mentiras...
E na solidão, da minha vida, eu perguntava:
Deus da minha alma, por que me faz isso?
Por que me faz ver o mundo tão feio?
Por que não sou igual aos outros?
Por que me abres essas portas, que não sei
fechar?
Por que me deixas sofrer tanto, se vos amo, do
fundo da minha alma?
E, um dia, na mais absoluta solidão - eu já não
tinha mais vontade de me alimentar nem de chorar, e nem fé no Altíssimo eu
tinha mais - e nesse momento aproximou-se de mim um cão vadio. E esse animal
era só Luz. Ele não tinha nenhuma treva, nenhuma escuridão. Ele era Infinita
Luz. E sentou-se ao meu lado sem nada pedir, sem olhar minhas vestes. Vestes de
um nobre, nem os olhos tristes de quem vê aquilo que não deve ver. Senti vir
dele a chama mais calorosa e permeada de amor que nenhuma mulher, nem um amigo,
e nem
sequer o colo de minha mãe tinham me oferecido.
E, assim, abri os meus braços e senti uma gota de
liberdade e de esperança brotando dentro de mim.
E eu disse:
Pai, és, então, um cão?
Pai, estás, então, nos animais?
E neste momento aproximaram-se de mim aqueles
pássaros que chegavam nos campos para comer os restos de grãos, e formaram um
grande circulo à minha volta. E eu vi luz. E eu vi glória. E eu vi verdade. E
eu vi amor.
Foi esta forma que o Divino me tocou e me disse
da sua existência.
E se eu não tive mãos humanas capazes de me amar,
eu tive a presença de todos aqueles que não precisavam de vestes, de roupas, de
luxo, de belezas temporais e de falsos humores. Eu fui amado. Eu lhes digo: Eu
fui amado... Muito mais do que eu tive capacidade de amar.
E os que me viram antes chorar passaram a me ver
sorrindo.
E os que me viram antes sofrer passaram a me ver
cheio de alegrias.
Passei a alimentar os animais, e me despi de
tudo: das minhas vestes, dos meus enganos, dos meus luxos... De todos os
excessos... E eu me vesti de luz. Dessa mesma luz que eu tinha tanto medo de
fazer brilhar no meu coração. Porque eu não tinha encontrado até então ninguém
igual a mim.
Eu vi a
minha igualdade nos pássaros, nos bichos nos campos de trigo, na terra
fertilizando.
E eu disse, então:
Pai, você existe! Eu amo a tua beleza. Eu amo
aquilo que eu não compreendo. Eu amo as lições que me ensinas, e o sofrimento
que me promoves.
E assim eu me tornei quem eu sou: O Protetor dos
Animais.
Mas eu lhes digo: muitas vezes, muitas vezes
mesmo, eu fui protegido por eles... e amado... Muitas vezes mais do que eu
protegi.
Eu amo a Chama Amarela. Eu amo o Dourado da sua
luz. Eu amo a capacidade de saber com alegria. Saber amar. Saber ver além das
vestes. Sentir além dos sentidos. Escutar além das palavras. E expandir além
dos mundos.
Tornei-me um mestre, porque amei.
Amei a luz, amei o sol e dele tornei-me irmão.
Amei a lua e dela tornei-me irmão também.
Compreendi então as diferenças dos mundos.
Compreendi os seus enganos. E sem saber que estava sendo, eu fui sábio.
Hoje eu atuo nas esferas de luz. Hoje eu sou um
Mestre, porque me chamam assim.
Saibam que frente o Altíssimo ainda o reverencio
como um humilde aprendiz. Porque assim eu sou.
Kuthumi é o meu nome.
Abençoo todos vocês. E os chamo para participar e
aprender na minha casa. E digo, meus irmãos: aprendam a humildade, que nada tem
a ver com o despojamento dos bens materiais e, sim, com o despojamento do
orgulho.
E amem sem culpa. Amem com liberdade.
Errem sem medo. Errem, porque desejam ousar e
aprender.
Vivam em luz, porque um dia souberam de suas
trevas.
Observem que a linguagem da Fraternidade Branca é
libertadora. Porque mostra a vocês o lado bom da sua própria essência.
A Luz da sua escuridão. A capacidade de amar que
está inerente a cada um de vocês.
Serei, sempre, um aprendiz. Porque é sábio o meu
coração.
Serei, sempre, um aprendiz. Porque é humilde a
minha fé.
Serei sempre um aprendiz. Porque quero sempre
mais aprender a amar.
Serei sempre um aprendiz.
Porque sei que não estou pronto para ser a experiência
crística completa, em mim mesmo.
Eu vos digo: amo a cada um de vocês.
Hoje eu amo. Porque sou capaz de ver, nas suas
imperfeições, a sua luz. No seu medo, a sua luz. Na sua raiva, a sua luz.
Que brilhe em Dourado as profundezas da sua Alma.
Fiquem em Paz."
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