PERGUNTA: — A
tendência de buscar uma comunhão afetiva com outra criatura do mesmo sexo,
conhecida por homossexualidade, implica em conduta culposa perante as leis
Espirituais?
RAMATÍS: — Considerando-se que o "reino de Deus" está também no
homem, e que ele foi feito à imagem de Deus, evidentemente, o pecado, o mal, o
crime e o vício são censuráveis, quando praticados após o espírito humano
alcançar frequências muito superiores ao estágio de infantilidade. Os
aprendizados vividos que promovem o animal a homem e o homem a anjo, são
ensinamentos aplicáveis a todos os seres. A virtude, portanto, é a prática
daquilo que beneficia o sei; nos degraus da imensa escala evolutiva. O pecado,
a culpa, são justamente, o ônus proveniente de a criatura ainda praticar ou
cultuar o que já lhe foi lícito usar e serviu para um determinado momento de
sua evolução.
A homossexualidade, portanto, de modo algum pode
ofender as leis espirituais, porquanto, em nada, a atividade humana fere os
mestres espirituais, assim como a estultícia do aluno primário não pode causar
ressentimentos no professor ciente das atitudes próprias dos alunos imaturos.
Pecados e virtudes em nada ofendem ou louvam o Senhor, porém, definem o que é
"melhor" ou pior para o próprio ser, buscando a sua felicidade, ainda
que por caminhos intrincados dos mundos materiais, sem estabilidade angélica. A
homossexualidade não é uma conduta dolosa perante a moral maior, mas diante da
falsa moral humana, porque, os legisladores, psicólogos, e mesmo cientistas do
mundo, ainda não puderam definir o problema complexo dos motivos da
homossexualidade, entretanto, muitos o consideram mais de ordem moral do que
técnica, científica, genética ou endócrina.
PERGUNTA: —
Mas o que realmente explica o fenômeno da homossexualidade?
RAMATÍS: — É assunto que não se soluciona sobre as bases científicas
materialistas, porque, só podereis entendê-lo e explicá-lo, dentro dos
princípios da reencarnação. Evidentemente, não se pode esclarecer o motivo da
homossexualidade, quando explicado exclusivamente pela maioria do mundo
heterossexual, tal qual não pode explicar certos estados sublimes ou
depressivos dos humanos quem não tenha vivido o mesmo fenômeno.
Não bastam conclusões simplistas, pesquisas
psicológicas e indagações científicas
mundanas para explicar com êxito as causas responsáveis pelo homossexualismo. É
um problema que se torna mais evidente com o aumento demográfico da humanidade
e, também, das novas concepções do viver humano, como libertação de
"tabus" e a busca da autenticidade na vida e seus propósitos. Crescem
os grupos, comunidades e, até instituições homossexuais, no afã de solverem os
problemas angustiosos ou os motivos das incoerências apontadas pelos contumazes
julgadores do próximo, mas, incapazes de julgarem-se a si mesmos. Milhões de
homens e mulheres são portadores dessa anomalia, e requerem a atenção e o
estudo cuidadoso de suas reações e comportamento, não meramente que os julguem
censuráveis à luz dos princípios e costumes morais da civilização retrógrada e
mistificadora.
PERGUNTA: —
Sob a opinião vigente, parece tratar-se de um fenômeno anormal. Que dizeis?
RAMATÍS: — Tal afirmação é verdadeira quando interpretada estatisticamente,
por ser a maioria significativa das pessoas heterossexuais, porém, ao
interpretarmos sob o prisma das leis da evolução espiritual, o problema não
pode ser solucionado de forma geral, pois, é peculiar a cada individualidade,
em sua luta redentora anímica. No decorrer do tempo, a humanidade terrícola há
de compreender melhor os conceitos de normalidade e anormalidade, verificando
não se ajustarem de maneira coerente, ao tratar-se simplesmente de gestos,
condutas externas, incapazes de mostrarem o íntimo das almas. O próprio corpo
carnal traz, às vezes, alguns traços da anormalidade ou normalidade do
espírito, porquanto, é, tão somente, o agente de manifestações configuradas na
herança biológica, determinada pela hereditariedade espiritual.
O problema, é realmente, de afinidades eletivas
no campo da espiritualidade, porquanto, homem e mulher carnais são, apenas,
expressões da mesma essência espiritual, diferenciada pela maior ou menor
passividade, atividade, sentimento e razão. Através de milênios, o espírito ora
encarna-se num organismo feminino, ora masculino, despertando, desenvolvendo e
aprimorando as qualidades inerentes e necessárias das expressões sexuais. O
homem e a mulher têm, simultaneamente, predicados algo femininos ou masculinos,
que se acentuam dando características peculiares em cada reencarnação, sem que
isso possa definir uma separação absoluta, capaz de classificar como anomalias
os reflexos femininos na entidade masculina e vice-versa.
PERGUNTA: —
Afirmam alguns estudiosos dos problemas de homossexualidade que se trata de consequência
glandular. Que dizeis?
RAMATÍS: — São palpites e confundem o "efeito" com a
"causa", porquanto, as alterações endócrinas, apenas, ativam ou
reduzem o metabolismo glandular, resultante da tensão psíquica intensa ou
reduzida sobre as estruturas cerebrais, entre elas o hipotálamo e o eixo
hipotalâmico, com a ação reflexiva sobre a hipófise, a qual ativa as demais
glândulas endócrinas.
PERGUNTA: —
Poderíeis explicar-nos, de modo mais compreensível para nós, as
particularidades desse assunto?
RAMATÍS: — O espírito que, por exemplo, numa dezena de encarnações nasceu
sempre mulher, a fim de desenvolver sentimentos numa sequencia de vidas
passivas na atividade doméstica, mas, por força evolutiva, precisa desenvolver
o intelecto, a razão, atitudes de liderança e criatividade mental enverga um
organismo masculino e, consequentemente, os caracteres sexuais de homem;
entretanto, ele revive do perispírito suas reminiscências de natureza feminina.
Depois de várias encarnações femininas e, subitamente, renascendo para uma
existência masculina, raramente, predominam, no primeiro ensaio biológico, os
valores masculinos recém-despertos, porque sente, fortemente, as lembranças
psíquicas ou o condicionamento orgânico feminino. Em consequência, renasce e se
desenvolve, no ambiente físico terreno, uma entidade com todas as
características sexuais masculinas e, contudo, apresentando um comportamento
predominantemente feminino. Assim, eclode a luta psicofísica na intimidade do ser,
em que os antecedentes femininos conflitam com as características masculinas,
ocasionando conflito dos valores afetivos, que oscilam, indeterminadamente,
entre a atração feminina ou masculina. É o homossexual indefinido quanto à sua
afeição, pelas exigências conservadoras e tradicionais da sua comunidade, para
a qual ele é um "homem" anátomo-fisiologicamente, mas, no âmago da
alma, tem sentimentos e emoções de mulher, recém-ingressa no casulo orgânico
masculino. Apresentando todas as características da biologia humana do tipo
masculino é, no campo de sua afeição e emotividade, uma criatura afeminada,
malgrado os exames bioquímicos feitos serem característicos do sexo masculino.
PERGUNTA: —
Poderíamos supor que tal fenômeno pode acontecer, também, num sentido inverso,
quando o espírito demasiadamente masculinizado em vidas anteriores, traz essas
características ao renascer mulher?
RAMATÍS: — No caso, ocorre o mesmo processo ventilado. O Espírito que viveu
uma dezena de existências masculinas, situado em atividades extra lar,
desenvolvendo, mais propriamente, os princípios ativos, o intelecto, a razão e
a iniciativa criadora, mais comandando e menos obedecendo, mais impondo e menos
acatando, desenvolve uma individualidade algo prepotente e, às vezes, tirânica.
Obviamente, ele precisa modificar o seu psiquismo agressivo ou violento pelas
constantes atividades de lutador, guerreiro, onde a razão não permite qualquer
prurido sentimental e, reconhecendo a necessidade de desenvolver o sentimento,
é aconselhado a envergar um organismo carnal feminino, em algumas reencarnações
reeducadoras. Nesse caso, é muito difícil expressar, de início, as
características delicadas, temas e gentis da mulher. A tensão perispiritual
despótica, impulsiva e demasiadamente racional atua fortemente no novo corpo
projetado para o sexo feminino e, por repercussão extracorpórea, ativa em
demasia o cérebro, predispondo à ação da masculinidade sobre as características
delicadas feminis. Daí, a conceituação da "mulher-macho", com a voz,
gestos e decisões que lembram mais o homem.
Não se pode comprovar serem essas características
provenientes de alguma alteração genética; realmente, imprimem na criatura a
característica psicológica do sexo, a qual se sobrepõe à fisiologia e singeleza
dos órgãos reprodutores. Sexo masculino é atividade mental, sexo feminino é
atividade sentimental, enquanto, a diferença orgânica entre o homem e a mulher
é apenas resultante das irradiações eletromagnéticas do perispírito na vida
física. Em verdade, importa fundamentalmente ao espírito imortal desenvolver a
razão para melhor compreender e agir no mundo e, simultaneamente, o sentimento
para sentir o ambiente e, aí, efetuar realizações criadoras. Daí, o motivo por
que a angelologia faz da figura do anjo um ser duplamente alado, cuja asa
direita simboliza a razão e a esquerda o sentimento, comprovando a necessidade
de o espírito humano só se liberar para o trânsito definitivo ao universo
divino, em sua ascese espiritual, depois da completa evolução da razão e do
sentimento.
É do conhecimento espiritual que, no
desenvolvimento da individualidade do espírito eterno, a passagem da
experiência feminina para a masculina ou vice-versa, no renascimento num corpo
físico com certa marca sexual, de início predominam sempre os traços da
feminilidade ou da masculinidade anterior, malgrado as diferenças da figura
sexual do corpo.
No incessante intercâmbio do espírito,
manifestando-se ora pela organização carnal feminina, ora pela masculina, ele
desperta valores novos comuns a determinada experiência humana como homem, ou
como mulher. Ademais, nesse renascimento através do binômio homem-mulher, além
do desenvolvimento do intelecto ou da razão, conforme o estágio masculino ou
feminino, corrige e salda os débitos dos abusos pecaminosos desta ou daquela
condição, feminina ou masculina.
Insistimos em dizer-vos: o homem que abusa de
suas faculdades sexuais no excesso da lascívia e somente para a satisfação
erótica, culminando por arruinar a vivência de outras pessoas, chegando a
ocasionar desuniões conjugais, provocar a discórdia, a aflição e o desespero e
desonras em lares diversos, ou lançando na vida a infeliz moça com o filho no
desamparo de mãe-solteira, ou que descamba por desespero e fraqueza na
prostituição, há de corrigir-se do seu desregramento pelo renascimento físico
num corpo feminino e, sob a coação doméstica do esposo tirânico, resgatar e
indenizar todos os males produzidos ao próximo.
Igualmente, a mulher que não cultiva os valores
sadios da função digna e amorosa de esposa, poderia sofrer nova encarnação
feminina dolorosa, ou terá de se reajustar, na condição física, num corpo
masculino, capaz de lhe proporcionar todas as ilusões, descasos e fuga dos
deveres conjugais com uma companheira tão fútil, pérfida e irresponsável quanto
também foi no passado, saturando assim o desejo, em vez de sublimá-lo. Ambas as
posições, feminina e masculina, no mundo físico, proporcionam ensejos válidos e
simultaneamente corretivos para garantir ao espírito aflito pela redenção,
alcançar, o mais breve possível, a frequência angélica, independente de sexo e
estágios carcerários na carne.
PERGUNTA: —
Afora os espíritas ou reencarnacionistas esclarecidos, é muito difícil
encontrar-se mentalidades humanas crentes dessa possibilidade de o espírito
renascer homem, ou de retornar como mulher. Talvez, exista nisso uma reação
inconsciente do homem, ao se considerar frustrado ou ferido em sua
masculinidade, pelo fato de poder vir a ser mulher, como um objeto de
sensualidade passiva?
RAMATÍS: — Causa certa surpresa a descrença na possibilidade de o mesmo
espírito de homem retomar à Terra na figura de mulher, quando a própria
imprensa terrena é pródiga de notícias nas quais a intervenção cirúrgica e a
terapêutica hormonal adequada transforma homens em mulheres, e vice-versa.
Considerando-se que é bem mais difícil ao homem se transformar em mulher,
depois de caracterizada a sua masculinidade na existência física, é bem mais fácil
o espírito decidir-se pelo sexo, antes de renascer.
PERGUNTA: —
Que dizeis desse estigma de homossexualidade, quando as opiniões se dividem,
taxando tal fenômeno de imoral, e outros de enfermidade?
RAMATÍS: — Sob a égide da severa advertência do Cristo, em que "não
julgueis para não serdes julgados", quem julgar a situação da criatura
homossexual de modo anti-fratemo e mesmo insultuoso, não há dúvida de que. a
Lei, em breve, há de situá-lo na mesma condição desairosa, na próxima
encarnação, pois, também é de Lei "ser dado a cada um segundo a sua
obra".
Considerando-se nada existir com propósito
nocivo, fescenino, imoral ou anormal, as tendências homossexuais são
resultantes da técnica da própria atividade do espírito imortal, através da
matéria educativa. Elas situam o ser numa faixa de prova ou de novas
experiências, para despertar-lhe e desenvolver-lhe novos ensinamentos sobre a
finalidade gloriosa e a felicidade da individualidade eterna. Não se trata de
um equívoco da criação, porquanto, não há erro nela, apenas experimento,
obrigando a novas aquisições, melhores para as manifestações da vida.
Assim, o companheiro atribulado, ou de tendência
homossexual, precisa mais do amparo educativo, da instrução espiritual correta
referente ao entendimento dos acontecimentos reencarnatórios e da fenomenologia
de provas cármicas. Os erros e acertos da alma, principalmente no campo do amor
e do sexo, sejam quais forem as linhas de força dirigentes nessa ou naquela
direção, são problemas que recebem a mesma análise e solução justa por parte da
Lei, seja qual for a procedência, correta ou equivocada. São assuntos da
consciência de todos os homens, pois, de acordo com a Justiça e a Sabedoria,
quem ainda não passou por provas semelhantes e condena ou insulta o próximo há
de enfrentá-las dia mais ou dia menos, a fim de sentir, na própria carne, não o
erro do próximo, mas o remorso do mau julgamento espiritual.
PERGUNTA: —
Que dizeis de a homossexualidade ser um acontecimento imoral?
RAMATÍS: — É de senso comum ser a moral humana produto das tradições, costumes,
preconceitos, convenções sociais, as quais têm por objetivo a segurança, a
sobrevivência e a proteção da sociedade. É enfim, parte da ética, que trata dos
costumes, dos deveres e do modo de proceder dos homens para com os outros
homens, segundo o senso de justiça e de equidade natural. No entanto, se
deveres, obrigações e bons costumes definem a boa moral humana, verificamos
que, acima da moral transitória e evolutiva das relações entre pessoas, existe
a moral eterna, incluindo todos os seres do Universo, não apenas um povo, um
planeta. Não é difícil observar que a mais avançada ou aparente sadia moral
humana pode, muito bem, conflitar com os fundamentos preceituais da verdadeira
moral e, consequentemente, nem sempre o que é moral aos homens, em certa
cultura, seria em outra etnia e muito menos, para a moral universal.
Enquanto a moral humana é um recurso de
equilíbrio, sobrevivência pacífica e disciplina entre os cidadãos, tendo por
apanágio o acatamento às leis, costumes, preceitos sociais, respeito à
propriedade alheia, vivência regrada sem licenciosidade pelos bons hábitos
considerados os melhores no momento, a Moral Universal é fundamentada,
exclusivamente, no Amor. Imoral, portanto, é todo cidadão encarnado que falta
com o preceito fundamental da vida espiritual superior — o Amor. Se a
homossexualidade é imoral, pelos conceitos passageiros da moral humana, também
são imorais os cidadãos que julgam seus irmãos, incorrendo culposamente na
falta de Amor.
PERGUNTA: — Há
fundamento em que a homossexualidade é mais propriamente, fruto de enfermidade
psíquica?
RAMATÍS: — Considerando-se ser o amor saúde espiritual e o ódio enfermidade,
toda transgressão da Lei do amor pode ser enquadrada na terminologia
patológica, ora de menos ou de mais gravidade, neste ou naquele setor. Embora
saibamos ser a doença fruto fundamental do desequilíbrio físico, ou psíquico,
ou de ambos, de qualquer forma, a enfermidade sempre decorre da negligência
espiritual do homem para com as leis superiores no campo da virtude e do vício.
Assim, tanto pode ser apontada por enfermidade a
tendência homossexual quanto a hipocrisia, a maledicência, a avareza, a inveja,
a luxúria, a ira, a preguiça e a própria gula, assim classificadas pela
espiritualidade. Em consequência, o problema da homossexualidade não é quanto à
sua classificação legal ou científica, mas o de amparo afetuoso por todos, que
e julgam sadios na sua heterossexualidade.
PERGUNTA: — E
quanto a se enquadrar o homossexualismo na categoria de perversão?
RAMATÍS: — Caso o homossexualismo seja perversão passível de terapêutica ou de
penas legais, cabe às leis da natureza a culpa fundamental disso, pelo fato de
elas não saberem desenvolver as características específicas da personalidade,
ditadas pelas influências do espírito humano, acostumado por um punhado de
existências exclusivamente femininas ou masculinas. Na nova encarnação, pela
ação da forte sexualidade do passado, essas influências modificam as reações
psicológicas do espírito renascido mulher ou homem, contrariando as
peculiaridades orgânicas. O homossexual pode ser fruto de dificuldades da
técnica sideral em conseguir o psiquismo adequado ao organismo humano, em
atenuar a feminilidade total em nova encarnação masculina, ou vice-versa; ou, é
óbvio que também pode ser a prova cármica para quem, realmente, abusou de suas
faculdades eróticas, ocasionando prejuízos a outros, no campo da própria
sexualidade, com repercussões sociais. Ademais, em muitos casos, espíritos de
liderança, cultos, hipersensíveis, virtuoses da música, gênios da pintura ou
renomados escultores da matéria e da vivência espiritual, no intuito de
concluir tarefas de elevação nos agrupamentos humanos e melhoria de si
próprios, podem solicitar a mudança urgente da personalidade definida
transitoriamente na carne, assumindo um organismo sexualmente oposto ao
ultimamente habitual. Daí, a influência fortemente feminil na organização
carnal de sexo masculino, ou a força dominante de masculinidade no arcabouço
físico feminino, num visível desequilíbrio entre o psicológico e o orgânico.
Além disso, se o vosso orbe terrícola, planeta de
evolução primária, lentamente se transformando para estados mais avançados, até
atingir o objetivo de evolucionar para uma valiosa escola espiritual superior,
fosse habitado exclusivamente por espíritos puros ou superiores, não existiriam
problemas de "perversões" ou "prostituições", porquanto,
tais problemas não são específicos de entidades malignas, porém, decorrentes da
inferioridade e dos defeitos de todos os homens terrenos. Os próprios
"marginais" e "delinquentes" terrenos são produtos
indiretos da falta de assistência, educação, saúde, lar, carinho e amor da
sociedade que se julga impoluta, quando é hipócrita e mistificadora. Para
qualquer deslize, inversão sexual, delinquência, crime, pilhagem, subversão,
vício ou perversão, culpa-se toda a humanidade, onde cada cidadão é responsável
por determinada cota de negligência, egotismo, comodidade, bem-estar, prazer
egocêntrico, pusilanimidade, especulação lucrativa extorsiva, fanatismo
religioso, mentalidade obscena, fácil irascibilidade, adultério, avareza ou
excesso de bens, roubados à maioria. Ainda nesse caso, tudo lembra a frase de
Jesus: "Aquele que não tiver pecado, atire a primeira pedra". Em
verdade, surgiu na Terra uma criatura absolutamente hígida em espírito, isenta
de qualquer desequilíbrio emotivo ou criação mental negativa. Ele era harmônico
e sadio quanto às suas emoções, justo e absolutamente amoroso em suas ações,
irradiando bondade, perdão e amor e, acima de tudo, sem qualquer sombra de
"perversão" ou "prostituição", pelo seu caráter ilibado e
conduta honesta. Mas, os homens mesquinhos pregaram-no na cruz, por ser Jesus,
o Cristo vivo, um látego da nova moral sobre os pretensos impolutos defensores
e participantes da sociedade humana deteriorada.
Mesmo assim, traído, insultado, zombado, ferido e
crucificado, Ele estendeu seu majestoso e sublime olhar à multidão acicatada
pelas paixões inferiores e sua voz vibrou amorosamente para toda eternidade:
"Pai, perdoai-os, porque eles não sabem o que fazem".
PERGUNTA: —
Sob vossa opinião, é sempre censurável o fato de alguém condenar homossexuais?
RAMATÍS: — Sob qualquer conceituação que os julgardes, seja distúrbio
endocrínico, enfermidade, perversão, prostituição ou vício, trata-se de almas
companheiras de vossa jornada terrena, merecendo a compreensão, pois, talvez,
ainda tereis de passar por semelhante problema, ou já o tivestes antes. Como
não há privilégios, preferências religiosas ou injustiças da Lei, nenhum
espírito ou filho de Deus passará incólume da animalidade para o estado humano,
e de homem para anjo, sem passar por problemas, insuficiências, defeitos,
pecados e vícios de toda a humanidade. Alhures, já vos dissemos que o próprio
Jesus não evoluiu em "linha reta", porém, fez o curso integral da
vida física como qualquer outro homem já o fez ou terá de fazê-lo. Distingue-se
Jesus de Nazaré dos demais homens atuais porque, tendo alcançado o clímax de
sua evolução planetária, sacrificado na cruz, e sepultado, ressuscitou pela
emancipação espiritual na figura do "Irmão Maior" e é, na atualidade,
o "Caminho, a Verdade e a Vida", pois, quem não praticar os seus
ensinamentos, adquiridos em suas vidas, em incontáveis milênios de
aperfeiçoamento, não alcançará o reino dos Céus.
Consequentemente, o principal problema não é de
interpretação científica, patológica ou moral, no tocante aos portadores de
homossexualidade, num julgamento simplista ou leviano, mas o de ajuda,
compreensão e interesse de fazer ao irmão réprobo social o mesmo que desejaria
a si mesmo, caso se defrontasse com semelhante problema. Ainda aqui,
recomendamos o Cristo, na sua advertência incomum: "Vedes o argueiro no
olho do vizinho, e não reconheceis a trave no vosso olho?"
Na verdade, a maioria das criaturas homossexuais
não sabe bem o que lhes acontece e, assim, não pode ser culpada de uma situação
cuja causa desconhece conscientemente. Daí, a necessidade de ajuda por outros
que podem examinar, analisar e concluir de modo mais exato quanto às
providencias favoráveis ou, pelo menos, maior compreensão e tolerância. O
homossexual, em geral, é uma alma confusa, sujeita a impulsos ocultos, não
tendo a percepção das causas ou dos motivos que o levam à erotização pelo mesmo
sexo. É de conceito comum, mesmo entre as pessoas sem conhecimento psicológico,
ser o sexo uma força poderosa e atuante no ser humano, capaz de conduzi-lo às
piores perversões, delinquência e até crimes, pela satisfação animal imediata.
O desejo sexual pode cegar o homem mais culto,
mais sábio e mesmo o líder religioso, o sacerdote impoluto, pois, a história é
pródiga de exemplos de mentalidades de poderosa criatividade deixarem se
dominar por ele e rebaixarem-se, até degradarem-se por uma paixão incomum, pela
avidez da satisfação sexual. Entretanto, é doloroso notar serem tais
desregramentos sexuais mais frequentes entre as criaturas heterossexuais, ou
sejam, as que são julgadas normais e sadias. Portanto, como julgar a
manifestação dessa energia poderosa canalizada para o homossexualismo, gerando
contradições inexplicáveis? Logo, a mais correta e louvável atitude espiritual
ainda é "ajudar" e não julgar as almas estigmatizadas socialmente
pelos desvios da sexualidade.
PERGUNTA: —
Considerando-se terem os heterossexuais uma opinião formada dos homossexuais,
pelo direito peculiar às criaturas humanas de pensar, qual deveria ser a
opinião deles a esse respeito?
RAMATÍS: — Embora considerando existir em, realmente, homossexuais cuja alma
de mau caráter os leva a uma perversão na prática sexual, alguns de repulsivo
cinismo e ostensivamente obscenos, a maioria dos homossexuais, geralmente, é de
almas afetivas e gentis, espíritos simpáticos à arte, à música e à literatura
romântica, porque dispõem de grande capacidade artística e estética, eletivos à
harmonia, dotados de forte amor humano, quase sempre buscando realizações filantrópicas
e serviços de benefício ao próximo e à humanidade. Os homossexuais masculinos
trazem a sensibilidade feminina, de gentileza, candura e afetividade, e as
mulheres, traços de masculinidade; às vezes, o despotismo, a agressividade, a
rigidez e o gosto por trabalhos e esportes mais próprios do homem.
Aliás, as estatísticas do mundo demonstram que o
índice de criminalidade entre os homossexuais é muito reduzido, talvez, porque
são mais tolerantes e pouco inclinados à violência física, afora alguns casos
excepcionais, quando há violência e conflitos, comuns também entre os
heterossexuais. O mundo dos homossexuais é algo tranquilo, e sua maior
conturbação é resultado das frustrações de relacionamento humano. Mas o
homossexual não pode ser considerado um delinquente, um excluído social, porque
exerce um trabalho, é capaz de amar, de servir, integrando-se à comunidade. Sem
dúvida, há espanto, preconceito e opróbrio por parte dos heterossexuais, ante a
sua impossibilidade de compreender a capacidade ou a desventura de uma pessoa
amar outra do seu próprio sexo. No entanto, aqueles que entendem e reconhecem
as minúcias do mecanismo e da motivação reencarnatória entendem, facilmente,
que o afeto espiritual transcende as transitórias formas das personalidades físicas,
embora, o acontecimento incomum de um ser amar o outro do mesmo sexo possa
provocar estranheza e até repugnância.
PERGUNTA: — Se
vos fosse razoável emitir uma conceituação generalizada sobre a diferença da
criatura homossexual e a heterossexual, qual seria a vossa conclusão?
RAMATIS: — Demonstramos serem as diferenças da atividade sexual resultado das
necessidades reencarnatórias de cada espírito e, portanto não nos cabe
criticar, estigmatizar, porém, simplesmente, tolerar, ajudar e ver, em cada
pessoa, um irmão, o que realmente somos diante da natureza.
PERGUNTA: —
Tratando-se a homossexualidade de uma perturbação `psicofísica", quando a
psique feminina se manifesta numa organização masculina, ou vice-versa, não
produzindo deterioração da mente, ou mesmo do equilíbrio mental, é evidente que
o homossexual pode enriquecer os setores culturais, artísticos, científicos do
mundo como qualquer outro heterossexual?
RAMATIS: — Ademais, não existe uma linha definida, categórica, separando
nitidamente o caráter homossexual do heterossexual, a não ser quanto à
erotização; e, muitas criaturas convencidas de sua heterossexualidade absoluta
mostram reações, emoções e atos identificados como traços de homossexualismo.
Aliás, há mesmo a crença de que em cada homem há um pouco de feminilidade e, em
cada mulher um pouco de masculinidade, mostrando as necessidades evolutivas da
alma, no cultivo da razão e do sentimento.
Obviamente, o senso artístico, desde a poesia, a
pintura, a música e a literatura tem recebido notável contribuição de inúmeros
homossexuais. Quando puderam extravasar sua sensibilidade através das letras,
da rima, dos sons e das tintas, equilibraram grande parte do seu drama
interior, gerado pela oscilante personalidade indefinida organicamente. O certo
é que as leis delinearam o homem e a mulher, proporcionando-lhes uma gama de
estados espirituais, partindo dos assexuais, passando pelo hermafrodita, até a
heterossexualidade, os quais são úteis ao desenvolvimento de sentimentos e de
intelectualidade, estágios esses que não devem estigmatizar, mas, liberar o
ser.
Texto extraído do livro SOB A LUZ DO ESPIRITISMO,Hercílio Maes ditado pelo espírito Ramatís.
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